sábado, 5 de julho de 2008

161 Livros para refletir sobre Democracia

Olá,

Lembram que comentei da lista de 160 livros para um curso de política?
Eu acrescentei o "Papalagui" por minha conta, né?!?
Segue abaixo a indicação.
Boas leituras!
Abraço
Clóvis

"PARA FAZER UM CURSO AUTODIDÁTICO DE POLÍTICA DEMOCRÁTICA
Augusto de Franco (03/11/07)

É necessário ler os textos básicos: os clássicos, com certeza, mas também alguma coisa contemporânea. O que não se pode fazer é trocar a leitura dos textos (fontes) pela leitura do que disseram sobre esses textos. Ao contrário do que se pratica nas academias, vá primeiro beber direto na fonte e depois faça o que quiser (ou puder). Para fazer um curso teórico de política, do ponto de vista de quem está interessado na democracia, é necessário ler os textos básicos: os clássicos, com certeza, mas também alguma coisa contemporânea. Tal lista, se for relativamente completa, dá mais ou menos uns 200 textos. Proponho aqui uma lista de 160 textos.
Para quem está interessado na política democrática, imagino que seja melhor fazer um esforço autodidático para ler os textos do que se matricular em um curso superior de política e ficar assistindo aulas de professores que reproduzem as modas da época, indicam bibliografias (em geral fotocópias de partes de textos clássicos, resenhas e análises que interessam mais aos trabalhos acadêmicos que estão fazendo no momento do que ao aluno) e que, via de regra, não leram, eles próprios, a maioria dos textos básicos.
Ler 160 textos, a primeira vista, parece uma tarefa impossível, mas não é. Lendo 3 textos por mês, isso dá mais ou menos 54 meses; ou seja, quatro anos e meio (um tempo menor do que se gasta para fazer uma graduação seguida de mestrado).
É evidente que não basta ler os textos indicados na lista abaixo. O estudante deve procurar se informar sobre o autor e sobre as circunstâncias em que produziu sua obra. Deve ler pelo menos um ou dois artigos de especialistas contextualizando a obra. O que não se pode fazer é trocar a leitura dos textos (fontes) pela leitura do que disseram sobre esses textos. Ao contrário do que se pratica nas academias, vá primeiro beber direto na fonte e depois faça o que quiser (ou puder).
Aulas não servem para muita coisa. Se houver um grupo de meia dúzia a uma dúzia de estudantes e esse grupo puder organizar um seminário de dez em dez dias sobre cada um dos textos, será o ideal. Leitura individual (2 a 3 horas por dia), três discussões (de 6 horas cada, por mês) e pronto. Ou quase.
Por último, é bom que o estudante escreva um pequeno artigo (de, no máximo, uns 5 mil caracteres, pois a capacidade de síntese é um dos indicadores de compreensão) sobre o texto que leu. Não é para resumir, resenhar, “fichar” ou copiar (ou repetir com outras palavras) o que disseram o autor ou seus comentadores e críticos. É para descobrir coisas novas, formar uma opinião própria que tente acrescentar alguma coisa ao que já foi dito.
A rigor nenhum conhecimento pode ser transferido. O conhecimento é sempre criado e recriado ou reconstruído; de certo modo, inventado. Quem não inventa nada, não aprende nada.

I – A LISTA INTEIRA
>
> Eis então a lista inteira (com 160 textos, mas não completa), organizada em ordem cronológica:
>
> 604 (c.) “Tao-te King” de Lao Tzu
> 500 (c.) Sun Tzu:“A Arte da Guerra”
> 490 Confúcio: “Os Analectos”
> 472 Ésquilo: “Os Persas”
> 422 Eurípedes: “As Suplicantes”
> 427-347 Platão: “A República”
> 427-347 Platão: “O Político”
> 427-347 Platão: “As Leis”
> 383-322 Aristóteles: “A Política”
> 383-322 Aristóteles: “A Constituição de Atenas”
> 280-234 Han Fei Zi: “A Arte da Política (Os homens e a lei)”
> 106-43 Cícero: “Da República”
> 106-43 Cícero: “Das Leis”
> 106-43 Cícero: “Dos Deveres”
> 1225-1274 Tomás de Aquino: “Do Governo dos Príncipes”
> 1312 Dante Alighieri: “Da Monarquia”
> 1324 Marcílio de Pádua: “Defensor da paz”
> 1513 Maquiavel: “O Príncipe”
> 1516 Thomas Morus: “A Utopia”
> 1519 Maquiavel: “Discursos sobre a primeira década de Tito Livio”
> 1548 La Boétie: “Discurso da servidão voluntária”
> 1576 Francesco Guicciardini: “Recordações Políticas e Civis”
> 1576 Jean Bodin: “Os Seis Livros do Estado (ou da República)”
> 1589 Giovanni Botero: “A Razão de Estado”
> 1602 Tommaso Campanella: “A Cidade do Sol”
> 1603 Althusius: “Política”
> 1625 Grotius: “Direito da Guerra e da Paz”
> 1632-1639 (c.) Richelieu: “Testamento político”
> 1642 Hobbes: “Do Cidadão”
> 1647 Baltazar Gracián :“A Arte da Prudência”
> 1651 Hobbes: “Leviatã”
> 1670 Spinoza: “Tratado Teológico-Político”
> 1677 Spinoza: “Tratado Político”
> 1683 Cardeal Mazarin: “Breviário dos Políticos”
> 1688 Leibniz: “Elementos do Direito Natural”
> 1690 Locke: “Dois Tratados sobre o Governo”
> 1716 François de Callières: “Como negociar com Príncipes”
> 1748 Hume: “Investigação sobre o Entendimento Humano”
> 1749 Montesquieu: “O Espírito das Leis”
> 1754 Rousseau: “Discurso sobre a origem da desigualdade dos homens”
> 1762 Rousseau: “O contrato social”
> 1764 Beccaria: “Dos Delitos e das Penas”
> 1776 Thomas Jefferson:“Declaração de Independência dos Estados Unidos da América”
> 1787-1788 “Publios” (Alexander Hamilton, John Jay e James Madison): “O Federalista” (em especial Madison (1987) em um comentário sobre a Constituição dos Estados Unidos)
> 1789 “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”
> 1789 Bentham: “Introdução aos princípios da moral e da legislação”
> 1789 Sieyès: “O que é o Terceiro Estado”
> 1790 Burke: “Reflexões sobre a Revolução Francesa”
> 1791 Thomas Paine: “Direitos do Homem”
> 1792 von Humbolt: “Ensaio sobre os limites da atividade do Estado”
> 1795 Kant: “A paz perpétua”
> 1797 Kant: “Metafísica dos Costumes”
> 1808 Ficht: “Discursos à Nação Alemã”
> 1815 Benjamin Constant: “Princípios da política”
> 1816 Bentham: “Sofismas Políticos”
> 1819 Benjamin Constant: “Discurso sobre a Liberdade dos Antigos Comparada com a dos Modernos”
> 1821 Hegel: “Princípios de Filosofia do Direito”
> 1832 Carl von Clausewitz: “Da Guerra”
> 1835 Tocqueville: “A Democracia na América”
> 1840 Proudhon: “O que é a Propriedade”
> 1843 Marx: “A questão judaica”
> 1843 Marx: “Crítica da filosofia hegeliana do direito”
> 1849 Thoreau: “Desobediência Civil”
> 1856 Tocqueville: “O Antigo Regime e a Revolução”
> 1859 Stuart Mill: “Sobre a Liberdade”
> 1861 Stuart Mill: “Sobre o Governo Representativo”
> 1896 Mosca: “Elementos de Ciência Política”
> 1908 Sorel: “Reflexões sobre a Violência”
> 1909 Croce: “Filosofia da Prática”
> 1911 Michels: “Os partidos políticos: ensaios sobre as tendências oligárquicas das democracias”
> 1916 Gentile: “Fundamentos da Filosofia do Direito”
> 1919 Pareto: “As Transformações da Democracia”
> 1922 Weber: “Economia e Sociedade”
> 1927 Dewey: “O Público e seus Problemas”
> 1929 Dewey: “Velho e novo individualismo”
> 1932 Carl Schmitt: “O Conceito do Político”
> 1935 Dewey: “Liberalismo e ação social”
> 1937 Dewey: “A democracia é radical”
> 1937 Horkheimer: “Teoria tradicional e teoria crítica”
> 1939 Dewey: “Democracia criativa: a tarefa que temos pela frente”
> 1942 Horkheimer: “O Estado autoritário”
> 1942 Schumpeter: “Capitalismo, socialismo e democracia”
> 1944 Hayek: “O caminho da servidão”
> 1944 Polanyi: “A Grande Transformação”
> 1945 Kelsen: “Teoria geral do Direito e do Estado”
> 1947 Gramsci: “Cadernos do Cárcere”
> 1950 (c.) Hannah Arendt: “O que é a política?”
> 1951 Hannah Arendt: “As Origens do Totalitarismo”
> 1954 Hannah Arendt: “Que é liberdade”
> 1955 Sartori: “Os Fundamentos da Democracia”
> 1957 Jones: “Athenian Democracy”
> 1957 Sartori: “Democracia e definição”
> 1958 Hannah Arendt: “A condição humana”
> 1961 Jane Jacobs: “Morte e vida das grandes cidades”
> 1962 Aron: “Paz e guerra entre as nações”
> 1963 Hannah Arendt: “Sobre a revolução”
> 1965 Agard: “What Democracy Meant to the Greeks”
> 1965 Aron: “Democracia e totalitarismo”
> 1968 Christophersen: “The Meaning of “Democracy” as Used in European Ideologies from the French to the Russian Revolution”
> 1969 Berlin: “Quatro ensaios sobre a liberdade”
> 1973 Macpherson: “Teoria democrática”
> 1974 Clastres: “A sociedade contra o Estado”
> 1977 Macpherson: “A democracia liberal e sua época”
> 1980 Gutman: “Liberal Equality”
> 1981 Lefort: “A invenção democrática: os limites da dominação totalitária”
> 1984 Barber: “Strong democracy: participatory politics for a New Age”
> 1984 Bobbio: “Ética e Política”
> 1984 “O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo”
> 1984 Robert Axelrod: “The evolution of cooperation”
> 1985 Bobbio: “Estado, governo, sociedade: para uma teoria geral da política”
> 1985 Burnheim: “Is democracy possible? The alternative to electoral politics”
> 1985 Przeworski: “Capitalismo e social democracia”
> 1986 Cornelius Castoriadis: “Sobre ‘O Político’ de Platão” (edição póstuma (1999) de seminários realizados em 1986)
> 1987 Agnes Heller: “Princípios Políticos”
> 1987 Gutman: “Democratic Education”
> 1987 Sartori: “A teoria democrática revisitada”
> 1988 Coleman: “Social Capital in the creation of Human Capital”
> 1988 Humberto Maturana: “Lenguaje, emociones y ética en el quehacer político”
> 1989 Robert Dahl: “A democracia e os seus críticos”
> 1991 Fishkin: “Democracy and deliberation”
> 1991 Huntington: “A terceira onda”
> 1991 Morgens Hansen: “The Athenian Democracy in the Age of Demosthenes: Structure, Principles, and Ideology”
> 1991 Przeworski: “Democracia e mercado”
> 1992 Jürgen Habermas: “Direito e democracia entre facticidade e validade”
> 1993 (?) Humberto Maturana: “La democracia es una obra de arte” (s. /d).
> 1993 Chantal Mouffe: “The return of the Political”
> 1993 Guéhenno: “O fim da democracia”
> 1993 Humberto Maturana: “Amor y Juego: fundamentos olvidados de lo humano – desde el Patriarcado a la Democracia” (com Gerda Verden-Zöller)
> 1993 John Rawls: “O liberalismo político”
> 1993 Robert Putnam: “Making Democracy Works”
> 1993 Sunstein: “The Partial Constitution”
> 1994 Andrew Arato & Jean Cohen: “Civil Society and Political Theory”
> 1994 Hirst: “Associative Democracy: new forms of social and economic governance”
> 1994 Levy: “A inteligência coletiva”
> 1996 Bohman: “Public Deliberation”
> 1996 Budge: “The new challenge of direct democracy”
> 1996 Castells: “A Era da Informação: economia, sociedade: A sociedade em rede, O poder da identidade e Fim de milênio”
> 1996 David Held: “Models of Democracy”
> 1996 Joshua Cohen: “Procedure and Substance in Deliberative Democracy”
> 1996 Jürgen Habermas: “Between Facts and Norms: Contributions to a Discourse Theory of Law and Democracy”
> 1996 Nino: “The Constitution of Deliberative Democracy”
> 1997 Fishkin: “The voice of the people: public opinion and democracy”
> 1997 O’Donnell: “¿Democracia delegativa? Contrapuntos. Ensayos escogidos sobre autoritarismo y democratización”
> 1997 Robert Axelrod: “The complexity of cooperation: agent-based models of competition and collaboration”
> 1997 Walzer: “On toleration”
> 1998 Axel Honneth: “Democracia como cooperação reflexiva. John Dewey e a teoria democrática hoje”
> 1998 Finley: “O Legado da Grécia”
> 1998 I. F. Stone: “O julgamento de Sócrates”
> 1998 Joshua Cohen: “Democracy and Liberty”
> 1998 Robert Dahl: “Sobre a democracia”
> 1998 John Holland: “Emergence: from chaos to order”
> 1999 Amartya Sen: “Democracia como um valor universal”
> 1999 Amartya Sen: “Desenvolvimento como liberdade”
> 1999 Claus Offe: “A atual transição da história e algumas opções básicas para as instituições da sociedade”
> 1999 Fukuyama: “A grande ruptura: a natureza humana e a reconstituição da ordem social”
> 1999 Guéhenno: “O futuro da liberdade”
> 2000 Chantal Mouffe: “The Democratic Paradox”
> 2002 Alexander Bard e Jan Söderqvist: “Netocracy: the new power elite and life after capitalism”
> 2003 Duncan Watts: “Six degrees: the science of a connected age”
> 2007 David de Ugarte: “El poder de las redes”
>
> Não é o caso de justificar a lista, nem de explicar porque nela figura gente que os cientistas políticos jamais recomendaria (e, em alguns casos, nem sequer conhece), como Lao Tzu, Jane Jacobs, Humberto Maturana, John Holland, Bard e Söderqvist, Duncan Watts e David de Ugarte – que não são, propriamente, teóricos da política. Um estudante pode retirar esses nomes da lista (com exceção de Maturana) economizando uns dois meses de leitura, mas isso não o ajudará em nada.
>
> Bem, e se não conseguirmos ler a lista toda, qual o problema? Não há propriamente um problema aqui. Pouca gente conseguiu cumprir esse programa máximo, inclusive eu (embora continue tentando).
>
> Mas há muitas abordagens alternativas à essa lista. Vamos ver algumas possíveis.
>
> II – A LISTA DA IDÉIA DE DEMOCRACIA (OU DA ‘DEMOCRACIA COMO IDÉIA’)
>
> Se estivermos mais interessados no surgimento do conceito fundante de democracia, podemos abreviar drasticamente a lista cheia, lendo apenas (ou, pelo menos, para começar):
>
> 422 Eurípedes: “As Suplicantes”
> 427-347 Platão: “A República”
> 427-347 Platão: “O Político”
> 427-347 Platão: “As Leis”
> 383-322 Aristóteles: “A Política”
> 383-322 Aristóteles: “A Constituição de Atenas”
> 1603 Althusius: “Política”
> 1670 Spinoza: “Tratado Teológico-Político”
> 1754 Rousseau: “Discurso sobre a origem da desigualdade dos homens”
> 1762 Rousseau: “O contrato social”
> 1776 Thomas Jefferson: “Declaração de Independência dos Estados Unidos da América”
> 1787-1788 “Publios” (Alexander Hamilton, John Jay e James Madison): “O Federalista” (em especial Madison (1987) em um comentário sobre a Constituição dos Estados Unidos)
> 1789 “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”
> 1791 Thomas Paine: “Direitos do Homem”
> 1835 Tocqueville: “A Democracia na América”
> 1849 Thoreau: “Desobediência Civil”
> 1856 Tocqueville: “O Antigo Regime e a Revolução”
> 1859 Stuart Mill: “Sobre a Liberdade”
> 1861 Stuart Mill: “Sobre o Governo Representativo”
> 1927 Dewey: “O Público e seus Problemas”
> 1929 Dewey: “Velho e novo individualismo”
> 1935 Dewey: “Liberalismo e ação social”
> 1937 Dewey: “A democracia é radical”
> 1939 Dewey: “Democracia criativa: a tarefa que temos pela frente”
> 1950 (c.) Hannah Arendt: “O que é a política?”
> 1951 Hannah Arendt: “As Origens do Totalitarismo”
> 1954 Hannah Arendt: “Que é liberdade”
> 1957 Jones: “Athenian Democracy”
> 1958 Hannah Arendt: “A condição humana”
> 1963 Hannah Arendt: “Sobre a revolução”
> 1965 Agard: “What Democracy Meant to the Greeks”
> 1981 Lefort: “A invenção democrática: os limites da dominação totalitária”
> 1986 Cornelius Castoriadis: “Sobre ‘O Político’ de Platão” (edição póstuma (1999) de seminários realizados em 1986)
> 1988 Humberto Maturana: “Lenguaje, emociones y ética en el quehacer político”
> 1991 Morgens Hansen: “The Athenian Democracy in the Age of Demosthenes: Structure, Principles, and Ideology”
> 1993 (?) Humberto Maturana: “La democracia es una obra de arte” (s. /d).
> 1993 Guéhenno: “O fim da democracia”
> 1993 Humberto Maturana: “Amor y Juego: fundamentos olvidados de lo humano – desde el Patriarcado a la Democracia” (com Gerda Verden-Zöller)
> 1993 John Rawls: “O liberalismo político”
> 1996 Jürgen Habermas: “Between Facts and Norms: Contributions to a Discourse Theory of Law and Democracy”
>
> Neste caso a lista cai para 40 textos e nosso programa de estudo pode ser completado em pouco mais de um ano (ou dois anos, com folga).
>
> III – UMA LISTA ORGANIZADA PARA CAPTAR A TENSÃO ENTRE TENDÊNCIAS DE AUTOCRATIZAÇÃO E DE DEMOCRATIZAÇÃO DA DEMOCRACIA
>
> Se estivermos interessados na tensão entre as tendências de autocratização e de democratização da democracia, podemos adotar um método de leituras confrontantes:
>
> A) ARISTÓTELES CONFRONTADO COM PLATÃO:
> 427-347 Platão: “A República”
> 427-347 Platão: “O Político”
> 427-347 Platão: “As Leis”
> 383-322 Aristóteles: “A Política”
> 383-322 Aristóteles: “A Constituição de Atenas”
>
> B) ALTHUSIUS CONFRONTADO COM JEAN BODIN:
> 1576 Jean Bodin: “Os Seis Livros do Estado (ou da República)”
> 1603 Althusius: “Política”
>
> C) SPINOZA CONFRONTADO COM HOBBES:
> 1642 Hobbes: “Do Cidadão”
> 1651 Hobbes: “Leviatã”
> 1670 Spinoza: “Tratado Teológico-Político”
> 1677 Spinoza: “Tratado Político”
>
> D) PAINE CONFRONTADO COM BURKE
> 1790 Burke: “Reflexões sobre a Revolução Francesa”
> 1791 Thomas Paine: “Direitos do Homem”
>
> E) ROUSSEAU, JEFFERSON, TOCQUEVILLE E STUART MILL CONFRONTADOS COM MAQUIAVEL, RICHELIEU, GRACIÁN, MAZARIN E CARL SCHMITT
> 1513 Maquiavel: “O Príncipe”
> 1516 Thomas Morus: “A Utopia”
> 1519 Maquiavel: “Discursos sobre a primeira década de Tito Livio”
> 1632-1639 (c.) Richelieu: “Testamento político”
> 1647 Baltazar Gracián :“A Arte da Prudência”
> 1683 Cardeal Mazarin: “Breviário dos Políticos”
> 1932 Carl Schmitt: “O Conceito do Político”
> 1754 Rousseau: “Discurso sobre a origem da desigualdade dos homens”
> 1762 Rousseau: “O contrato social”
> 1776 Thomas Jefferson: “Declaração de Independência dos Estados Unidos da América”
> 1835 Tocqueville: “A Democracia na América”
> 1849 Thoreau: “Desobediência Civil”
> 1856 Tocqueville: “O Antigo Regime e a Revolução”
> 1859 Stuart Mill: “Sobre a Liberdade”
> 1861 Stuart Mill: “Sobre o Governo Representativo”
>
> F) DEWEY, ARENDT E MATURANA CONFRONTADOS COM O DEBATE ATUAL SOBRE A DEMOCRACIA (ver adiante a lista IV):
> 1927 Dewey: “O Público e seus Problemas”
> 1929 Dewey: “Velho e novo individualismo”
> 1935 Dewey: “Liberalismo e ação social”
> 1937 Dewey: “A democracia é radical”
> 1939 Dewey: “Democracia criativa: a tarefa que temos pela frente”
> 1950 (c.) Hannah Arendt: “O que é a política?”
> 1951 Hannah Arendt: “As Origens do Totalitarismo”
> 1954 Hannah Arendt: “Que é liberdade”
> 1958 Hannah Arendt: “A condição humana”
> 1963 Hannah Arendt: “Sobre a revolução”
> 1988 Humberto Maturana: “Lenguaje, emociones y ética en el quehacer político”
> 1993 (?) Humberto Maturana: “La democracia es una obra de arte” (s. /d).
> 1993 Humberto Maturana: “Amor y Juego: fundamentos olvidados de lo humano – desde el Patriarcado a la Democracia” (com Gerda Verden-Zöller)
>
> Neste caso nossa lista também cai para cerca de 40 textos e podemos percorrê-la em um ou dois anos. Acrescente-se mais um ano para ler a lista seguinte.
>
> IV – UMA LISTA ORGANIZADA A PARTIR DO DEBATE ATUAL SOBRE A DEMOCRACIA
>
> Quem está interessado no debate atual sobre a democracia de olhos voltados ainda um pouco para o passado, pode priorizar:
>
> 1980 Gutman: “Liberal Equality”
> 1984 Barber: “Strong democracy: participatory politics for a New Age”
> 1985 Burnheim: “Is democracy possible? The alternative to electoral politics”
> 1987 Gutman: “Democratic Education”
> 1989 Robert Dahl: “A democracia e os seus críticos”
> 1992 Jürgen Habermas: “Direito e democracia entre facticidade e validade”
> 1993 Chantal Mouffe: “The return of the Political”
> 1993 John Rawls: “O liberalismo político”
> 1993 Sunstein: “The Partial Constitution”
> 1994 Andrew Arato & Jean Cohen: “Civil Society and Political Theory”
> 1994 Hirst: “Associative Democracy: new forms of social and economic governance”
> 1996 Bohman: “Public Deliberation”
> 1996 Budge: “The new challenge of direct democracy”
> 1996 David Held: “Models of Democracy”
> 1996 Joshua Cohen: “Procedure and Substance in Deliberative Democracy”
> 1996 Jürgen Habermas: “Between Facts and Norms: Contributions to a Discourse Theory of Law and Democracy”
> 1996 Nino: “The Constitution of Deliberative Democracy”
> 1997 Fishkin: “The voice of the people: public opinion and democracy”
> 1997 O’Donnell: “¿Democracia delegativa? Contrapuntos. Ensayos escogidos sobre autoritarismo y democratización”
> 1997 Walzer: “On toleration”
> 1998 Joshua Cohen: “Democracy and Liberty”
> 2000 Chantal Mouffe: “The Democratic Paradox”
>
> Deu uma lista de 22 livros, que pode ser enfrentada em menos de um ano. Adotando essa alternativa nossa formação ficará incompleta, mas teremos uma visão razoável do que ainda se discute nas academias. Pode-se suprir, em parte, tal insuficiência se acrescentarmos aqui os textos de Hannah Arendt e John Dewey, aumentando a lista para 32 textos que, mesmo assim, ainda podem ser vencidos em um ano:
>
> 1927 Dewey: “O Público e seus Problemas”
> 1929 Dewey: “Velho e novo individualismo”
> 1935 Dewey: “Liberalismo e ação social”
> 1937 Dewey: “A democracia é radical”
> 1939 Dewey: “Democracia criativa: a tarefa que temos pela frente”
> 1950 (c.) Hannah Arendt: “O que é a política?”
> 1951 Hannah Arendt: “As Origens do Totalitarismo”
> 1954 Hannah Arendt: “Que é liberdade”
> 1958 Hannah Arendt: “A condição humana”
> 1963 Hannah Arendt: “Sobre a revolução”
>
> V – UMA LISTA PROSPECTIVA SOBRE A DEMOCRACIA DO FUTURO
>
> Quem está interessado no debate atual sobre a democracia, com os olhos voltados mais para o futuro, buscando novas teorias democráticas capazes de recuperar o meme democrático original e reinterpretá-lo à luz das condições do século 21, pode priorizar:
>
> 1993 Guéhenno: “O fim da democracia”
> 1993 Robert Putnam: “Making Democracy Works”
> 1994 Levy: “A inteligência coletiva”
> 1996 Castells: “A Era da Informação: economia, sociedade: A sociedade em rede, O poder da identidade e Fim de milênio”
> 1997 Robert Axelrod: “The complexity of cooperation: agent-based models of competition and collaboration”
> 1998 Axel Honneth: “Democracia como cooperação reflexiva. John Dewey e a teoria democrática hoje”
> 1998 John Holland: “Emergence: from chaos to order”
> 1999 Amartya Sen: “Democracia como um valor universal”
> 1999 Amartya Sen: “Desenvolvimento como liberdade”
> 1999 Claus Offe: “A atual transição da história e algumas opções básicas para as instituições da sociedade”
> 1999 Fukuyama: “A grande ruptura: a natureza humana e a reconstituição da ordem social”
> 1999 Guéhenno: “O futuro da liberdade”
> 2002 Alexander Bard e Jan Söderqvist: “Netocracy: the new power elite and life after capitalism”
> 2003 Duncan Watts: “Six degrees: the science of a connected age”
> 2007 David de Ugarte: “El poder de las redes”
>
> Aqui, evidentemente, não há lista completa; na verdade não há lista alguma que satisfaça o propósito de estabelecer fundamentos de uma nova visão de democracia compatível com a realidade emergente da sociedade-rede.
>
> Considerando nosso analfabetismo democrático eu recomendaria começar pela alternativa II – UMA LISTA DA IDÉIA DE DEMOCRACIA. A partir daí o estudante, certamente, saberá o que fazer.
>
> A “prova” final de um curso autodidático como esse é escrever alguma coisa original, inventada. Inventada, sim: não acredite nos que vão dizer que isso é “assim” ou não pode ser “assado”. Produza, publique sem pedir autorização a ninguém e depois arque com as conseqüências expondo-se a crítica.
>
> A árvore se conhece pelos frutos. Não é necessário um fiscal para dizer se o fruto é bom ou ruim segundo suas concepções e seus gostos. Se as pessoas puderem chegar até a árvore, colher os frutos e experimentá-los, saberão se vale a pena comê-los até o fim. Ponto.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Cientistas brasileir@s...

Pois é...

Depois de todo um semestre de Introdução à Ciência Política, gostaria de fazer-lhes uma pergunta simples:

Me digam o nome de três cientistas polític@s brasileir@s !?

A resposta de muitos e muitas estudantes com certeza será: "Não faço a mínima idéia!"

Nunca é tarde para aprendermos....tem gente que forma em Ciência Política e não sabe responder essa pergunta.

Então...no sentido de matar dois matadores de coelhos numa cajada só, vos ensinarei uma plataforma que contém o currículko atualizado de quase tod@s acadêmic@s brasileir@s de todas as áreas. Vos ensinarei isso com exemplo de importantes cientistas políticos brasileiros.

A plataforma é a Plataforma Lattes do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico):

Acessem: http://lattes.cnpq.br/
(cliquem em "Pesquisadores e Estudantes" ou em "Buscar currículo")

A partir daí é só brincar de ficar acessando o currículo de seus professores e professoras.

Vocês também podem criar um currículo de vocês. Para quê? Bem... pode ser um bom começo de carreira acadêmica. Depois disso, é só estudar para caralh# e escrever pra porr# coisas consistentes, criativas e interessantes.

Sobre os cientistas políticos brasileiros...vai alguns:

Fernando de Magalhães Papaterra Limongi
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4783936P9

Fábio Wanderley Reis
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4787021J0

Wanderley Guilherme dos Santos
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4727008U1

Leonardo Avritzer
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4783117U7

Fátima Anastasia
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4787080Y6

Lúcia Avelar
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4781631E4

Evelina Dagnino
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4799148Y0

Luis Felipe Miguel
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4727328Z4

Antônio Octávio Cintra
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4727610T5

P.S.: Ficar acessando currículos para comparar as pessoas é coisa de gente tapada... Mais vale passar as suas férias vendo sessão da tarde do que achar que vai avaliar alguém só pelo currículo.
Por outro lado, olhar currículo da galera é muito bom para saber em que área de estudos, linhas de pesquisa determinada pessoa tem trabalhado e o que ela publicou de interessante nos últimos tempos.

O que a internet te oferece...

Existe uma imensa expectaiva por parte de algumas pessoas acerca das potencialidades de construção de formas de participação política direta e de acompanhamento das ações do Estado e das autoridades públicas via internet.
É bem verdade que boa parte da população brasileira ainda está excluída do acesso à rede mundial de computadores e que os sites "pornôs" são muito mais visitados do que sites governamentais.
Mas, também, para não fazermos injustiça com a possibilidade real da internet contribuir para a a redefinição das relações entre sociedade e Estado, segue alguma dica de sites governamentais interessantes:

- Quer saber o que vai ser discutido na Câmara dos Deputados hoje ?
Acesse: http://www2.camara.gov.br/plenario/ordempdf

- Quer saber quais são os partidos políticos que existem no Brasil, registrados no Tribunal Superior Eleitoral?
Acesse: http://www.tse.gov.br/internet/partidos/index.htm

- Quer saber sobre resultados eleitorais desde de 2002?
Acesse: http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/index.htm
(clique em "Resultados" na coluna da esquerda)

- Quer saber sobre quem financiou qualquer candidato a qualquer cargo público desde as eleições de 2002?
Acesse: http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/index.htm
(clique em "Prestação de Contas" na coluna da esquerda)

- Quer informações sobre qualquer deputado federal ou ex-deputado federal?
Pesquise em http://www2.camara.gov.br/deputados/index.html

Essas são algumas indicações dentre outras indicações interessantes !!!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Acessar o debate na internet

Nosso debate sobre o Manifesto Comunista já pode ser acessado pela internet.

Para quem não foi no debate, para quem quiser ficar com o registro para si ou passar para alguém....

acessem: http://www.estudiolivre.org/el-user.php?view_user=RalacocoDTudo1Poko

Abraços !

domingo, 11 de maio de 2008

Admirável novo mundo do trabalho

Para instigar a discussão relacionada à atualidade do Manifesto Comunista, segue dois links de arquivos de mídia:

- Documentário caseiro pequeno e bem feito sobre "A crise do trabalho abstrato":
http://rapidshare.com/files/19614107/Antitrabalho_final.wmv.html

- Entrevista com John Holloway:
http://www.estudiolivre.org/el-gallery_view.php?arquivoId=5363

Até segunda!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Debate aberto...

Monografia do Artur e fim das minhas apresentações


Olá pessoal,

é com muita satisfação que conclui hoje minha última apresentação na condição de "principal orador" das aulas dessa turma. A partir da próxima aula o companheiro Clóvis assumirá essa árdua tarefa de apresentar os textos da matéria.

Pretendo continuar indo às aulas, assim como o Clóvis e a Larissa têm feito até então.

Aproveito esse momento para lhes enviar um link onde podem consultar o principal trabalho acadêmico que fiz até hoje: minha monografia de conclusão da graduação em Ciência Política. O título é: A COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS - lOBBYING OU PARTICIPAÇÃO CIDADÃ.

http://www.estudiolivre.org/el-user.php?view_user=artur_bsb

Espero que ela possa contribuir com vocês seja por se conteúdo seja como um exemplo do trablho que vocês terão que fazer para concluir o curso de Ciências Sociais.

Beijo... e até segunda !

terça-feira, 29 de abril de 2008

Regras de convivência em sala de aula

Ao longo das primeiras aulas da disciplina, a turma discutiu algumas regras de convivência em sala de aula. Como uma forma de amenizar o fato de que @s estudantes são submetid@s a uma série de questões que norteiam a sua a vida acadêmica, abriu-se na turma uma discussão sobre como @s estudantes achavam que a turma deveria funcionar.
A turma deliberou sobre as sugestões encaminhadas.
Seguem, abaixo, as regras de convivência da turma:

Metodologia

- Dividir aulas em 2 partes:
a) Exposição do texto e dúvidas mais específicas sobre o texto;
b) Debates mais amplos e outras atividades

- Professor avisará no início da aula até que horas irá a parte inicial de exposição para que tod@s possam controlar o tempo conjuntamente

- Propostas de filmes para assistirmos:
a) Vídeos do Centro de Mídia Independente (www.midiaindependente.org)
b) Vídeos sobre o projeto de construção do Setor Nororete (segue link sobre a questão: www.santuariodospajes.naxanta.org)
c) A Vida de Brian

- Que se ofereça no blog explicações mais aprofundadas sobre os conceitos mais complicados.

- Simplificação dos termos técnicos.

- Enviar os slides para os emails dos estudantes o mais rápido possível.

- Possíveis resumos do texto, sem cobrança, apenas para discutirmos sobre as anotações feitas facilitando a discussão.

- Aproveitar as aulas de revisão para fazermos atividades alternativas. Já que a equipe de monitoria sempre oferece uma aula de revisão 1 dia antes da prova, poderíamos utilizar as cerca de 6 aulas de revisão previstas no programa para debates, palestras e outras atividades.

Postura d@s pessoas em sala de aula:

- Deverão ser permitidas coisas que não impedem o estudante de assistir à aula, como óculos escuros.

- Cada um deve ter sua liberdade respeitada a ponto de não interferir na liberdade na liberdade do outro (caso dos celulares em sala de aula).

- Respeito à diversidade de opiniões e de posturas, à exceção de manifestações racistas, sexistas, homofóbicas e outras manifestações discriminatórias.

sábado, 26 de abril de 2008

2° Controle

Aí estão algumas respostas que a monitora Larissa destacou no último controle:


A partir dos acontecimentos que levaram à ocupação da reitoria da UnB, foram colhidos depoimentos de estudantes que participaram da mobilização. Escolha um trecho dos textos de Maquiavel, Arendt ou Habermas e relacione com um tema das falas de estudantes. Importante:escolha apenas um autor(cite a página e trecho que destaca no texto) e faça sua análise.

Depoimento 1- Racionalidade na Assembléia geral dos estudantes - “A Assembléia é antes de tudo um espaço de relação social entre pessoas que estão vivenciando diferentemente um mesma realidade e que se encontram para construir um projeto comum” - Paulo Henrique, Ciências Sociais, 9° sem.

Depoimento 2 – Origem do poder na movimentação estudantil - “O poder dessa movimentação estudantil emerge da vontade coletiva por mudanças estruturais e das relações sociais que se estabelecem no espaço de convivência universitário” - Alan Shiva, Sociologia e Jornalismo, 6° sem.

Depoimento 3 – Concentração de poder nas mãos do reitor - “Vários professores foram influenciados com relações pessoais em projetos de pesquisa e regalias. Como o voto não é paritário, houve concentração de poder que dificultou o controle da gestão” - Rafael, Ciências Sociais, 7° sem.


Resposta 1:


Hanna Arenth diferencia, em seu livro “sobre a violência”, poder e violncia: “A forma extrema de poder é o todos contra um, a forma extrema da violência é o Um contra todos. E esta última nunca é possível sem instrumentos” (pág 35). Fica claro, a partir deste trecho, que o ato ocorrido na reitoria da UnB recentemente foi algo mais complexo do que um ato de violência realizado por uma minoria. Viu-se, aí, coisa muito mais complexa. Quando vimos uma minoria ocupar, sem a utilização de instrumentos, o que descaracteriza um simples ato violento, pudemos observar o poder que possuiam. E este poder emanou justamente, “da vontade coletiva por mudanças estruturais”, como foi dito por Alan Schiva no seu depoimento. De maneira simplificada, tivemos da seguinte forma o acontecimento: Um grupo de alunos mais ativo se reuniu em uma assembléia e decidi a ocupação da reitoria, mas não está aí, nesse simples ato, a origem do poder desses estudantes. A origem do poder está na outra parcela de estudantes. Dos que não agiram ativamente no movimento inicialmente, podemos observar outra uma outra separação entre aqueles que se uniram a ele posteriormente, aqueles que foram contra e aqueles que se mostraram a favor ou indiferentes. O poder emana justamente desta “imensa unidade negativa”, para citar Stephen Spender, que possui o poder e recusa-se a utiliza-lo para subjugar os desordeiros. Assim, por estranho que pareça, é correto justificar que o poder está, justamente, nesta última parcela de estudantes citada, a menos ativa. É válido colocar também, porém, que apesar de não possuir o poder, esta minoria é essencial, afinal sem ela não haveria movimento algum.
(Renato Gonçalves Teles)


Resposta 2:


Para Arendt, no texto Sobre a Violência, poder e violência são conceitos opostos. A autora defende, a partir deste pressuposto, que o poder não advém da violência, a origem do poder está ligada ao entendimento comum, ao consenso.

O depoimento do estudante do 9° semestre de Ciências Sociais, Pedro Henrique, alude para o fato de que a ocupação da reitoria, que é embasada nas decisões da assembléia, caminha para a construção de um projeto comum entre os estudantes.

A primeira associação que pode ser feita, entre a posição do estudante e a visão de poder de Hanah Arendt, possibilita argumentar que o movimento de ocupação da reitoria possui e construiu um poder legítimo, no qual as decisões nas assembléias dos estudantes são visando um entendimento comum.

Arendt também coloca que atos revolucionários somente acontecem em espaços que estão perdendo o poder. A gestão Moholland padecia de questões éticas, por conta do mau uso de dinheiro público. De tal forma, que o consentimento da comunidade acadêmica em torno do reitor, firmando na sua eleição (momento fundacional), diluiu-se.

Assim, pode-se concluir que o movimento dos estudantes é legitimado no consenso, no entendimento comum. Como pode ser visto pelo apoio, também de professores e funcionários no pedido de afastamento de Muholland. O poder construído pelos estudantes é legítimo. E na oposição de Arendt é poder e não violência.
(Luiz Humberto P.V. Neto)


Resposta 3:


Segundo Hannah Arendt, “ O poder corresponde à habilidade humana não apenas par agir, mas para agir em concerto. O poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo(...)(p.36)”. Esse conceito relaciona-se bem com o tema do depoimento 2, que diz que há uma vontade coletiva de mudanças ; tal fato dá origem a uma organização (no caso, o movimento estudantil), que detém o poder. A autora fala também do momento fundacional, aqui seria, portanto, a união de um grupo de alunos que entraram num consentimento a respeito de seus interesses, o que origina, segundo Arendt, poder. Ainda segundo ela, a partir do momento em que este grupo for se desintegrando, ele vai perdendo seu poder; e é neste ponto em que pode haver violência, com caráter instrumental apenas. E se isto entra em vigor, significa que não há mais um consentimento, não há mais poder, apenas obediência, como fica claro no trecho “A violência sempre pode destruir o poder; do cano de uma arma emerge o comando mais efetivo, resultando na mais perfeita e instantânea obediência. O que nunca emergirá daí é o poder” (p.42)
(Juliana França Varella)


Resposta 4:


No depoimento de número 3, o estudante Rafael apontou a concentração do poder nas mão do reitor e de certos professores como origem da crise que causou o descontentamento dos estudantes e culminou com o afastamento de toda a direção da universidade.

Em certo sentido, os perigos que este tipo de regime corre já haviam sido apontados pelo pensador florentino Nicolau Maquiavel:


“Quem Chega à condição de príncipe com o auxílio dos magnatas conserva-a com maiores dificuldades do que quem chega com o auxílio do vulgo(...) Acresce ainda que diante de um povo hostil jamais um príncipe poderá sentir-se em segurança, por serem os inimigos demasiado numerosos. O inverso acontece com os grandes, pelo motivo mesmo de serem poucos.” (Nicolau Maquiavel, pg. 32)

Nesse trecho, Maquiavel é claro em mostrar que um regime como o do ex-reitor Timothy corre sérios riscos ao se colocar no poder apenas pelas mãos de poucos e contrariar a imensa maioria da comunidade universitária.
(Thomas Edson J. T. Amorim)

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Marretada inicial


Olá estudantes, olá outr@s interessad@s em política...

Dou aqui o ponta pé inicial para nosso "portal". Bem no espírito blogueiro de transmitir informações de modo simples e dinâmico, me limito a sugerir que conheçam outro blog. Este foi montado por uma turma de ICP nesse verão. O espaço foi aproveitado para divulgar informações diversas, análises e comentários dos textos que eles estudaram.

Espero que possamos nos inspirar nessa inciativa...

http://politicaparatodxs.blogspot.com/